Denis Tassitano tem um cargo de peso, uma agenda caótica e resultados de dar inveja a qualquer profissional de vendas.
Mas, por trás do CRO da SAP Concur para a América Latina, existe um homem que não abre mão da terapia, cultiva hobbies como pintar e tocar gaita, e acha que nem tudo na vida precisa ser sobre alta performance.
No oitavo episódio da segunda temporada do Fora do Forecast, ele falou sobre propósito, hobbies nada convencionais, valores inegociáveis e um jeito mais humano de liderar.
O papo com Júlio Paulillo e Gustavo Gomes passou por paternidade, impacto social e até um retiro de silêncio com o time comercial.
Com histórias inspiradoras e visões provocadoras, Denis convida a olhar para além dos números. Siga a leitura para conferir as resenhas desse episódio!
Prefere ver e ouvir? Assista ao bate-papo completo com Denis Tassitano:
Paternidade real e o livro que virou conversa séria
Pai do Enzo, Denis é autor de “Vai encarar? 99 razões para você pensar bem e se preparar muito antes de ter um filho”.
O livro nasceu da vivência como pai, das memórias da própria infância e de uma vontade sincera de quebrar o romantismo que cerca a paternidade.
“O livro é baseado em mim. Eu dei muito trabalho para os meus pais, mais para a minha mãe, que era mais presente. Não quero ir contra quem quer ter filho, mas tem que se preparar muito, porque geralmente a gente vê a parte mais bonita, mais romantizada da coisa.“, lembra Denis.
No dia a dia com o filho, ele procura cultivar a escuta, responsabilidade e, acima de tudo, comprometimento.
“Desde a escola você devia ter aulas de como ser pai, não pode ser pai no susto. Assim como gestão de projetos e educação financeira, tinha que aprender paternidade desde a escola. Você é exemplo 24 horas por dia, você tem outro tipo de responsabilidade.“
Alta performance sem obsessão e o tempo como filosofia de vida
Denis compartilha que uma frase ouvida de um vizinho ainda jovem virou quase uma filosofia de vida: “Em um dia, você tem tempo para fazer tudo. Você tem oito horas para dormir, oito para trabalhar e oito para se divertir“.
A partir disso, passou a organizar sua rotina com mais intencionalidade, sem o peso de ter que ser excelente em tudo.
“Às vezes a gente coloca meta em tudo na vida. Tem coisa que você tem que deixar fluir. Tem que ter esse planejamento sem planejamento, também deixar a coisa fluir. Senão fica tudo com métrica, tudo com KPI, a vida não flui, a criatividade não flui.“
Ele defende que é preciso abrir espaço para a leveza, para o simples prazer de fazer algo pelo prazer, sem cobranças. É essa perspectiva que permite manter energia criativa, evitar exageros e equilibrar as diferentes demandas do trabalho e da vida pessoal.
Denis tem uma startup, medita, toca gaita, pinta e vende quadros para ajudar projetos sociais, além de gostar de andar de moto. Tudo isso conciliando sua rotina com o cargo de CRO na SAP Concur.
Terapia inegociável em qualquer parte do mundo
Mesmo com uma agenda internacional puxada, Denis nunca abre mão da terapia. “Tem coisas que são inegociáveis. Já cancelei reunião importante porque caía no horário da minha terapia. Minha terapia é extremamente importante para mim.“
Ele já fez terapia na madrugada porque estava no México, às três horas da manhã porque estava em Las Vegas, e às onze horas da manhã porque estava na Europa, de férias. Mas nunca deixou de fazer porque, para ele, isso é inegociável.
“Eu trato a minha terapia como se fosse uma quimioterapia. Levo ao extremo para a gente ver que tem coisas que, quando se leva ao extremo, a gente consegue tempo. É muito importante conseguir separar momentos para você. Se você quer vender muito, uma hora você tem que não vender.”
Para ele, cuidar da mente é tão vital quanto qualquer reunião de negócios. Quem se conhece bem tem muito mais chances de liderar bem e vender com consistência.
Kickoff de vendas em um templo budista (e o desconforto com o silêncio)
Em um movimento inusitado, Denis decidiu fazer o kickoff de vendas com sua equipe no templo budista. A proposta era simples: em vez de metas e slides, introspecção e silêncio.
“Todo mundo sabe que tem que vender. Todo mundo sabe o que tem que fazer. Então, eu não vou chover no molhado. Falei: ‘Pessoal, a gente vai pegar tempo para a gente’. Porque você tem que entender os seus gatilhos, o que te motiva. Não é todo mundo que se motiva igual.“
Ele critica a cultura de agressividade tão presente nas vendas, que naturaliza abuso e gritaria como se fossem sinônimos de produtividade. Para Denis, o verdadeiro salto de performance vem de quem se entende, reconhece seus gatilhos e sabe pausar.
Ficar em silêncio o dia inteiro, ele acredita, não é complicado. Mas seu time achou estranho ir a um templo budista, ficar em silêncio e fazer uma prática mais introspectiva.
“Se eu levasse vocês para o BOPE, abusasse verbalmente, com a galera gritando, rastejando na lama, pulando, suando, desmaiando, vocês iam achar normal. Olha a mensagem que vocês estão dando. Que doideira.“
Pintar, tocar gaita e escrever para se reconectar
Entre viagens, metas e ligações, Denis encontrou nas artes um espaço de reconexão.
Começou a pintar quadros durante a pandemia e passou a oferecê-los em troca de doações para projetos sociais. Também retomou a gaita e escreve — está, inclusive, finalizando um novo livro sobre vendas.
“Me perguntaram: que curso você fez? Eu falei: nenhum. Comprei tinta, tela, e comecei. Quadros que eu achava ruins, o pessoal queria. E outros que eu achava bons, nem olhavam. Eu pinto porque me faz bem.“
Para ele, hobbies não precisam ser performáticos. Precisam apenas existir como espaços de expressão, descanso e curiosidade.
Responsabilidade social e empatia como prática radical
Engajado em trabalhos sociais, Denis demonstra que enxerga a realidade da sociedade como um todo e tem consciência dos seus privilégios, muitos deles conquistados.
Um luxo para ele? Ir ao supermercado e fazer compras sem ter que olhar os preços.
“Não perder a realidade de perspectiva é bom. E te ajuda a entender outros cenários, a diversidade. Entender pessoas diferentes, perspectivas diferentes, necessidades diferentes, porque isso é o cliente. Não adianta você tentar vender o mesmo benefício do produto.“
Entre os projetos sociais que apoia, Denis falou com entusiasmo do Responsa, que atua na reinserção de egressos do sistema prisional no mercado.
Em um evento da SAP, contratou dezenas de ex-detentos sem avisar previamente. Resultado: entrega impecável e quebra de estigmas.
“Teve cara que me pediu para tirar foto na sala de cinema porque nunca tinha entrado numa. Devia ter uns 40 anos e morava a dois quilômetros de uma sala de cinema. Então eu sempre procuro engajar nesses sistemas para ajudar, faz bem para mim também. É estar em contato com a realidade para não se desplugar disso.”
Ele defende que a empatia se prova quando ajudamos quem é visto como opositor. E combater preconceitos exige coragem para sair da bolha.
Escuta ativa, liderança real e personalização nas relações
Para Denis, escutar é a habilidade mais negligenciada nas vendas. Ele destaca que todo processo comercial e de liderança só funciona quando se entende o outro como ele é, com suas motivações, formas de se comunicar e contextos pessoais.
“Se você não entende, não escuta, não dá aquela pausa para o cliente falar, ele vai vender para você o que ele está precisando. Essa parte do silêncio, de entender, de perceber o outro, você tem que fazer. Liderança é isso.“
Segundo ele, a motivação só acontece quando líder e vendedor entendem o que motiva o outro. A comunicação eficaz, defende Denis, é aquela que se adapta. E a liderança é a arte de perceber.
Em um mesmo cargo, diferentes pessoas podem ter motivações diferentes. Por isso, não se deve padronizar, entendendo que não há certo ou errado, há a motivação individual de cada um. “A gente acha que quem é a pessoa mais feliz da empresa? É o CEO? O resto é todo mundo perdedor? A gente só utiliza dinheiro como métrica.”
Fora do Forecast: bastidores que inspiram
O Fora do Forecast é o podcast oficial do Agendor que traz histórias reais de quem vive vendas todos os dias — com vitórias, perrengues, dilemas e viradas.
Em cada episódio, Júlio Paulillo e Gustavo Gomes recebem convidados com trajetórias autênticas, para conversas leves, provocativas e cheias de aprendizados.
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