Artigo cedido* pela Revista VendaMais. Todos os direitos reservados.

Você já assistiu a palestras motivacionais? Se sim, sabe bem que, a certa altura do discurso, a maioria dos palestrantes diz que um dos segredos para o sucesso é pensar positivo. Alguns inclusive dizem que você deve olhar no espelho e discursar frases positivas para si mesmo todas as manhãs. Mas será que algum deles reconhece o mal do pensamento positivo? 

Longe dos palcos, existe outra indústria que também é abastecida pelo pensamento positivo: a literária. Basta passar no corredor de autoajuda de qualquer livraria. Você vai encontrar uma infinidade de títulos que vendem o pensamento positivo como uma ferramenta para transformar desejos em realidade.

No entanto, por outro lado, há lugares longe dos palcos e das livrarias em que o pensamento positivo está se revelando como uma fórmula para o fracasso. São os laboratórios científicos das universidades mais prestigiadas do mundo. 

E a pessoa que mais vem incomodando os “gurus do pensamento positivo” é Gabriele Oettingen, pesquisadora e professora da Universidade de Nova Iorque e da Universidade de Hamburgo.

Continue a leitura para entender o mal do pensamento positivo e receber dicas realmente úteis sobre como se manter motivado

O mal do pensamento positivo: conheça as descobertas de Gabriele Oettingen

Em uma de suas pesquisas, Oettingen pediu para estudantes universitários do último ano informarem, diariamente, se tinham pensamentos positivos sobre encontrar um emprego. 

Na sequência, os estudantes foram instruídos a escrever sobre os pensamentos positivos que tinham. Já na terceira etapa do estudo, tiveram que reportar com qual frequência tinham esses pensamentos. A escala variava de 1 a 10 pontos, indo de “muito raramente” até “muito frequentemente”.

Resultados que impressionam: entenda como Oettingen concluiu que autoajuda não funciona

Dois anos depois do experimento, Oettingen chegou às primeiras descobertas. Os participantes que reportaram ter fantasias positivas frequentes sobre encontrar um emprego receberam menos ofertas de trabalho. Aliás, mesmo aqueles que já estavam empregados recebiam salários menores do que os dos estudantes que fantasiavam com menos frequência. 

Além disso, os estudantes que frequentemente pensavam positivo sobre o seu sucesso reportaram ter enviado menos currículos do que os demais.

Resultados semelhantes ocorreram quando a pesquisadora avaliou a probabilidade de estudantes declararem seu amor à pessoa pela qual estavam apaixonadas. Aqueles que fantasiavam mais tinham menos chances de terem iniciado um relacionamento. No mesmo sentido, estudantes que fantasiavam sobre tirar uma nota boa numa disciplina acabaram tendo notas piores e estudando menos tempo.

Parece, então, que pensar positivo, na verdade, gera resultados contrários aos que as pessoas desejam…

Contraste mental: o poder do equilíbrio

Mas algo fantástico aconteceu nesse mesmo estudo. Um outro grupo de alunos teve resultados extremamente positivos na busca por um emprego. Acontece que, em outra etapa da pesquisa, Gabriele Oettingen solicitou aos membros desse grupo que também reportassem pensamentos negativos.

A cientista descobriu que, quando os alunos obtinham uma relação mais equilibrada entre fantasias positivas e negativas, alcançavam resultados muito superiores comparados àqueles dominados apenas por pensamentos positivos. 

Ela nomeou sua descoberta como “contraste mental”. Contraste mental seria o fato de que pensar positivo e negativo ao mesmo tempo aumenta as chances de um desejo ser realizado.

Como o contraste mental opera 

Estudando o contraste mental mais profundamente, com a ajuda de cientistas da área da saúde, Oettingen descobriu que, logo após uma pessoa fantasiar sobre um desejo futuro, a pressão sistólica do seu coração diminui. 

Por outro lado, quando você está empolgado para praticar qualquer atividade, o seu corpo consome mais oxigênio e nutrientes. Isso faz com que o seu coração bata mais forte para distribuir o sangue. Dessa forma, compensa esse consumo mais elevado.

O que os pesquisadores sabem é que existe uma relação direta entre o nível de pressão sistólica e a motivação de uma pessoa. Os estudos de Oettingen comprovam que, logo após fantasiarmos sobre um desejo futuro, o nosso cérebro nos proporciona prazer através do sentimento de que já alcançamos aquele objetivo. 

Consequentemente, esse sentimento de conquista nos causa um relaxamento que faz com que a nossa pressão sistólica caia, e junto com ela, a nossa motivação. Motivação é a força que faz o ser humano agir.

Portanto, sem motivação não existe ação. Por isso, pessoas que fantasiam frequentemente dificilmente alcançam seus objetivos. Elas perdem a motivação e a energia que fariam com que se dedicassem para conseguir alcançá-los!

A pressão sistólica mede a força com a qual o seu coração bomba o sangue para o corpo. Sendo assim, quanto mais relaxado você se sente, menor é a sua pressão sistólica.

Sonhar grande e sonhar pequeno dá o mesmo trabalho? E traz o mesmo resultado?

Gabriele Oettingen obteve sucesso implementando o contraste mental em diversos experimentos científicos. Até que, durante um experimento novo, descobriu que nem todos os participantes haviam alcançado seus desejos depois de realizar o contraste mental. Apenas aqueles que descobriram que tinham boas chances de atingir seus desejos tomaram iniciativas para alcançar o sucesso.

Os participantes que descobriram que seus sonhos eram desconectados da realidade acabaram não agindo e, consequentemente, não atingiram seus objetivos. Isso significa que o contraste mental é ainda mais espetacular do que imaginamos. Além de ajudar as pessoas a terem mais chances de atingir seus desejos, ele também faz com que as pessoas parem de investir seu tempo e energia na busca de sonhos impossíveis.

Ao analisar o mal do pensamento na vida das pessoas, é impossível não questionar o mantra que direciona muitos executivos e empresários brasileiros atualmente: sonhar grande e sonhar pequeno dá o mesmo trabalho!

O autor dessa frase pode ter todas as credenciais de um empresário de sucesso. Entretanto, do ponto de vista científico, sua frase está equivocada, porque não dá o mesmo trabalho sonhar grande ou sonhar pequeno! 

Escolha bem os seus sonhos e descubra como se manter motivado

Oettingen e outros cientistas descobriram que sonhar grande exige menos esforço do nosso cérebro, além de ser muito mais prazeroso do que sonhar pequeno. Além disso, sonhar grande ou sonhar pequeno traz resultados diferentes!

Quando o seu sonho grande está fora da realidade, ele faz com que você fique menos motivado. Neste caso, portanto, você perde a energia que o faria agir para tornar o seu sonho uma realidade. O sonho pequeno, pelo menos, faz com que você sinta que seu objetivo pode ser alcançado. Isso gera a motivação que você precisa para atingi-lo.

Isso não significa que você deva pensar pequeno ou que não adiante sonhar grande. Mas, sim, que você deve pensar também nos obstáculos que podem fazer com que você não alcance seu sonho. 

Muitas vezes, ao realizar o contraste mental, você percebe que o seu sonho grande, na verdade, é um pesadelo desconectado da realidade. Algo que:

  • consome horas do seu dia;
  • esgota as suas energias;
  • faz a sua empresa perder dinheiro;
  • distancia você dos seus amigos e da família;
  • diminui a sua produtividade;
  • e o afasta dos seus sonhos menores e mais realistas, que poderiam ser alcançados. 

A ciência realmente faz descobertas incríveis, desde o mal do pensamento positivo até a de que mesmo gente bem-sucedida dá conselhos ruins!

Como se manter motivado? Entenda o que funciona de verdade

A maior preocupação de Gabriele Oettingen eram os prejuízos que a crença no pensamento positivo estavam causando à vida das pessoas. 

Depois de décadas de pesquisa e inúmeras parcerias com outros cientistas, ela desenvolveu um método perfeito para ajudar as pessoas a não caírem na armadilha do pensamento positivo: uma ferramenta chamada WOOP, que por conta da tradução, será chamada de DROP.

Wish –> Desejo

Outcome –> Resultado

Obstacle –> Obstáculo

Plan –> Plano

Como funciona? 

  • Escreva o seu desejo usando de três a seis palavras.
  • Detalhe o melhor resultado que pode acontecer se o seu desejo for realizado, também usando de três a seis palavras.
  • Escreva o principal obstáculo que pode impedir você de realizar o desejo (o obstáculo deve ser algo dentro do seu controle, algo que dependa apenas de você). Deixe a sua imaginação fluir e escreva tudo o que vier à cabeça.
  • Desenvolva um plano para superar esse obstáculo, escrevendo uma ação específica que fará com que você o vença. Escreva o momento e o local onde o obstáculo irá aparecer; então, desenvolva seu plano usando uma frase do tipo SE – ENTÃO: “Se o obstáculo X ocorrer (momento e local), então eu irei fazer Y”. Repita esse comportamento para você mesmo falando alto, apenas uma vez.

Você pode aplicar o DROP para qualquer tipo de desejo que tenha, pois é uma ferramenta totalmente flexível. Se o seu maior desejo no momento é emagrecer, então você poderia desenvolver um DROP conforme abaixo:

  • DESEJO: Emagrecer 10 kg.
  • RESULTADO: Maior autoconfiança.
  • OBSTÁCULO: Confeitaria no caminho de casa.
  • PLANO: SE eu sair às 18h (momento) do trabalho (local) e ficar com vontade de ir até a confeitaria comprar um doce, ENTÃO eu usarei outro caminho para voltar para casa.

Oettingen também descobriu que, para ser mais efetivo, cada desejo que você decidir exercitar através do DROP deve ser repetido com frequência, para que os efeitos do contraste mental não percam força. 

Por isso, o ideal é que você use o DROP diariamente, para que ele se torne um hábito.

Os benefícios da metodologia DROP

O DROP é uma ferramenta fantástica por mais duas razões. 

Em primeiro lugar, ela funciona de forma inconsciente. Ao fazer um exercício de DROP, sua mente começa a trabalhar para atingir o seu desejo sem ao menos você notar. 

Em segundo lugar, é uma ferramenta que trabalha o que os psicólogos chamam de soluções integradoras. Ou seja, resultados que se espalham e afetam outras áreas da sua vida. 

Se você quer emagrecer, por exemplo, ao usar o DROP você não vai somente emagrecer, mas também passar a se exercitar mais, ter melhor desempenho no seu trabalho, ter noites de sono mais agradáveis, sentir-se mais bonito, conquistar mais confiança, perder a vergonha de falar em público e ter diversos outros resultados positivos.

Seria espetacular para a sua vida se o simples fato de pensar com frequência num bem material ou desejar com todas as forças um objetivo futuro fizesse com que esse objetivo se concretizasse sem esforço algum. 

Seria fantástico se todo sonho grande que você tivesse se tornasse realidade apenas com o “poder do pensamento positivo”. Mas, infelizmente, não é assim que atingimos nossos objetivos. Fantasiar sobre o futuro dá prazer e satisfaz o seu ego. Entretanto, não ajuda a atingir objetivos que requerem grandes níveis de esforço, comprometimento e energia. Este é o mal do pensamento positivo. 

Sonhar com um futuro de sucesso pode até aliviar a sua tristeza no curto prazo. O problema é que ela aumenta no longo prazo. Portanto, em vez de cair na armadilha do pensamento positivo, passe a sua vida se questionando: Qual é o meu maior desejo? Qual é o obstáculo pessoal que pode fazer com que eu não o alcance?

Neutralizando o mal do pensamento positivo

Elimine o mal do pensamento positivo e turbine a sua produtividade com a ajuda de ferramentas e metodologias ágeis

Elas são bastante úteis para solucionar desafios rotineiros. Além disso, ajudam a visualizar desafios e desenhar planos de ação que ajudam a aproximar “sonhos grandes” da realidade. 

Leia o guia do Agendor sobre Como ser mais efetivo em vendas e descubra quais as ferramentas e metodologias ideais para cativar clientes e converter muito mais! O download é rápido e gratuito! 

*Otimizado pela equipe Agendor em janeiro de 2021.